Redes, Colaboração e Resistência entre Portugal e Brasil, 1962-1982


Curadoria: Rui Torres
Obras da coleção moraes-barbosa e do arquivo Fernando Aguiar 


Galerias Municipais de Lisboa 
26/6 a 5/9 de 2021



Fotografia: Kelly Ciurej e Wayne Kawamoto

As Galerias Municipais têm o prazer de apresentar Redes, colaboração e resistência em/entre Portugal e Brasil, 1962-1982, uma exposição com publicações coletivas do Arquivo Fernando Aguiar e da Coleção Moraes-Barbosa.

O Arquivo Fernando Aguiar (Lisboa, Portugal) contém cerca de 50.000 itens relacionados com a poesia experimental e visual, performance, arte postal, livros e edições de artista, Fluxus e arte conceptual, com destaque para a componente da poesia experimental portuguesa.

A Coleção Moraes-Barbosa (São Paulo, Brasil) é um repositório de arte conceptual e videoarte além de um arquivo de 15.000 objetos de dança e performance, música experimental, poesia visual, revistas e publicações de arte.

Destes dois arquivos privados foram selecionadas 34 publicações coletivas (livros, revistas, catálogos), disseminadas em redes informais, das quais se destacaram 75 obras de 41 poetas e artistas: Abílio-José Santos, Álvaro de Sá, Ana Hatherly, Ânima, António Aragão, António Dantas, António de Campos Rosado, António Nelos, Ariel Tacla, Augusto de Campos, Décio Pignatari, Edgard Braga, E. M. de Melo e Castro, Erthos Albino de Souza, Haroldo de Campos, Iberê, José-Alberto Marques, José Lino Grünewald, Julio Plaza, Leonhard Frank Duch, Liberto Cruz, Manuel de Seabra, Neide Sá, Nei Leandro de Castro, Nenn, Omar Khouri, Paulo Miranda, Pedro Osmar, Pedro Tavares de Lima, Pedro Xisto, Peo, Quirinus Kuhlmann, Regina Silveira, Régis Bonvicino, Ronaldo Azeredo, Salette Tavares, Silvestre Pestana, Sílvio Antonio Spada, Ubirajara Ribeiro, Willy Corrêa de Oliveira e Wlademir Dias-Pino.

Partilhando a língua portuguesa mas atuando em rede e circulando internacionalmente, estas obras permitem-nos entender uma variedade de coordenadas e práticas estéticas situadas na confluência de rede, colaboração e resistência. Por outro lado, os formatos e canais alternativos usados parecem prenunciar o modo como diferentes códigos e processos artísticos se misturam e agitam na atual sociedade em rede.

Ao identificar formas análogas de expressão que constituem atos comuns de resistência em Portugal e no Brasil, ainda que em tempos diferentes e em diálogo com comunidades distintas, torna-se possível observar uma intervenção social vital, promovendo uma ação poética e política, acionada por operações críticas de reinvenção da leitura e da escrita, da participação e da produção, da liberdade e da resistência.

As publicações escolhidas para esta exposição estão associadas a grupos ou movimentos mais ou menos locais (Poesia Experimental, Noigandres, Invenção, Poema/processo, Código, Arte postal, etc.). Porém, ao invés de abordar esses movimentos como eventos sincrónicos depositários de uma identidade local, examina-se a forma como a sua atividade cooperativa desencadeou formas radicais de inovação que sobreviveram aos seus próprios movimentos.

Para expor estas permutas e diálogos, propõe-se um conjunto de agregadores que caracterizam a diversidade material em exibição:

#resistência mobiliza obras marcadas pela ação, subversão e engajamento;

#método aciona experimentação, interseção e estrutura;

#colaboração sinaliza atos de cooperação, intercâmbio e diálogo;

#apropriação envolve operações de intermedialidade, tradução e adaptação;

#rede potencia formas alternativas de comunicação, difusão e circulação;

#pesquisa propõe releituras da tradição através da investigação e da invenção.

A exposição esteve patente no John Young Museum of Art, University of Hawai’i em Mānoa entre 26 de Outubro de 2020 – 28 de Janeiro de 2021, onde foi organizada por Maika Pollack e Rui Torres, com base num ensaio de Rui Torres.

Iniciada em 1999, a Coleção Moraes-Barbosa (São Paulo, Brasil) é um repositório de arte conceptual e videoarte além de um arquivo de 15.000 objetos de dança e performance, música experimental, poesia visual, revistas e publicações de arte. Atualmente, encontram-se em curso vários projetos com artistas, investigadores e críticos de arte que exploram o arquivo, bem como um projeto com a Universidade de São Paulo dedicado ao estudo da arte e inteligência artificial.

O Arquivo Fernando Aguiar (Lisboa, Portugal) contém cerca de 50.000 itens relacionados com a poesia experimental e visual, performance, arte postal, livros e edições de artista, Fluxus e arte conceptual, desde os anos 1960, com destaque para a componente da poesia experimental portuguesa. O acervo documental é constituído por livros, catálogos, revistas, revistas de artista, cartazes, desdobráveis, fotografias, slides e negativos, provas de contato, vídeos, poesia digital, cassetes, discos e CDs de poesia sonora e postais, entre outros.



ARTISTAS: Abílio-José Santos, Álvaro de Sá, Ana Hatherly, Ânima, António Aragão, António Dantas, António de Campos Rosado, António Nelos, Ariel Tacla, Augusto de Campos, Décio Pignatari, Edgard Braga, E. M. de Melo e Castro, Erthos Albino de Souza, Haroldo de Campos, Iberê, José-Alberto Marques, José Lino Grünewald, Julio Plaza, Leonhard Frank Duch, Liberto Cruz, Manuel de Seabra, Neide Sá, Nei Leandro de Castro, Nenn, Omar Khouri, Paulo Miranda, Pedro Osmar, Pedro Tavares de Lima, Pedro Xisto, Peo, Quirinus Kuhlmann, Regina Silveira, Régis Bonvicino, Ronaldo Azeredo, Salette Tavares, Silvestre Pestana, Sílvio Antonio Spada, Ubirajara Ribeiro, Willy Corrêa de Oliveira e Wlademir Dias-Pino.